![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrG72Z1xX4q_KdJ1L0Su3D-_tNEBQLTFfBbVdSWmr8qPbf9J_CqvDvrcQjOQpS00J9fFzzm-TTTKcUeN6uXE6k0BsD8AdjwfFxWltjJu65Kth-Q-EeFo9VV6_R_RQ21tZdGN5QjljcrNoO/s320/homem+magro.jpg)
nos mais inóspito lugares,
desde as florestas geladas
até o aconchego dos lares,
sempre meio lobo, meio homem,
e tendo de ambos por igual
as fúrias que os consomem.
Dizem as lendas antigas
que tenho as sobrancelhas unidas
por um grosso tufo de pelo,
hirsuto, rijo e cortante
como o meu próprio cabelo.
Dizem também que o meu corpo
tem uma força tamanha
que mata e desconjunta
de forma imprevista e estranha.
E aqueles que me temem
bem se podem acautelar
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTBBWu7g_MNfMNkAoDnSnWBQOfZCnZO38MEj-rNbJRgr9c9W-pli-vx7ihkZabapodJ93TnwBp1tpBcAbYh9LSucSfK0WpCkGnELohCrxM0Xo-1rZKVGhxi4qkYqolzBDr92XdkA9D3b1m/s320/Lobisomem1.jpg)
e no céu houver luar.
Ao certo, nem eu sei bem se existo,
e mesmo com um espelho à frente
volto o dorso e não insisto,
pois se pudesse escolher
seria outra coisa que não isto.
Mas nisto podem acreditar:
o que mantém o lobisomem
são os temores que o consomem
e que os homens não param de inventar.
(Texto de José Jorge Letria. In: Os Animais Fantásticos. SP: Peirópolis, 2008.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário